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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O brincar (1)

O brincar para Winnicott é universal. Toda criança brinca. Para o autor, essa seria uma forma de comunicação da criança na psicoterapia. A psicanálise desenvolveu-se como forma especializada do brincar.
A brincadeira para o autor tem um lugar importante que ele nomeia de espaço potencial. Espaço este vivido entre o bebê e sua mãe, mais o ambiente – a realidade concreta ou externa. Como dito em post anterior, a mãe é quem orienta no sentido de tornar concreto aquilo que o bebê está pronto para encontrar. Durante a brincadeira a criança traz à tona toda essa experiência.
Este papel que a mãe suficientemente boa desempenha por certo tempo sem que haja “impedimentos”, faz com que o bebê experimente um controle mágico. Ou seja, fruir experiências baseadas na onipotência de seus processos internos (intrapsíquicos) com o controle que tem do real. Essa intermediação da ideia de magia quando o bebê experimenta onipotência, Winnicott revela em seu livro “O brincar e a realidade”:
“É a precariedade da magia, magia que se origina na intimidade, num relacionamento que está sendo descoberto como digno de confiança. Para ser digno de confiança, o relacionamento é necessariamente motivado pelo amor da mãe, ou pelo seu amor-ódio ou pela sua relação de objeto, não por formações reativas. Quando um paciente não pode brincar, o psicoterapeuta tem de atender a esse sistema principal”. (p. 72)
Após a fase da confiança, o próximo passo é a criança ser capaz de ficar sozinha na presença de alguém. O que indicaria que esta estaria brincando agora com base na suposição de que a pessoa a quem ama e confiou lhe dá segurança o bastante que permanece disponível quando lembrada “como se refletisse de volta o que acontece no brincar.” (p. 71)
A criança torna-se pronta para o passo seguinte: introduzir seu próprio brincar e o caminho para um brincar conjunto.
Para Winnicott, o brincar  é em si mesmo uma terapia que possibilita a experiência criativa. Criatividade, para o autor, é sinônimo de saúde psíquica. O autor escreve: “esse brincar tem de ser espontâneo e não submisso ou aquiescente, se é que se quer fazer terapia”. (p. 76)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

bebês prematuros e suas implicâncias.

Devido a minha necessidade em aprofundar o assunto do bebê que nasce prematuro, por conta de um caso clínico, tentarei colocar algumas ideias de Winnicott a respeito. Torna-se importante, contudo, fornecer explicações básicas necessárias relacionadas aos cuidados e o invólucro emocional de um bebê para que se compreenda  a complexidade e o problema da prematuridade.
Há bebês que têm a sorte de nascerem em ambiente suficientemente bom e com mãe suficientemente boa – essa, para Winnicott, a pessoa mais verdadeiramente capacitada, com amor mais fidedigno e menos sentimental do que qualquer outro substituo e que fornece ambiente emocional simplificado incluindo os cuidados físicos.
A negligência aos cuidados do bebê pode trazer grande confusão na mente de uma criança que pode perder a simplicidade, como diz Winnicott e a constância da técnica pela qual se deve cuidar de um bebê. Uma pessoa que age naturalmente, como a mãe, é a candidata ideal. Para uma mãe adotiva, por exemplo, faltaria a inclinação para a maternidade, segundo o autor, já que esta necessitaria de um período preparatório de 9 meses.
Ao contar com uma mãe cuja adaptação ativa inicial é suficientemente boa, o bebê torna-se capacitado à ilusão de realmente encontrar aquilo que criou (alucinou). Ao longo do tempo e que esta capacidade para o relacionamento vai sendo estabelecida, estes bebês poderão dar o próximo passo: “do reconhecimento da solidão essencial humana” como coloca o autor
Tal reconhecimento é poder entender que não há nenhum contato direto entre a realidade externa e o eu mesmo. Há apenas uma ilusão de contato, um fenômeno intermediário que funciona muito bem. E Winnicott ainda postula: “a mim não importa se existe ou não um problema filosófico”. O que é muito interessante, visto que muitos filosofam a existência do que é real ou não. Fato é que as coisas se apresentam diante de nós e é isso então que tem que ser lidado.
Assim, os bebês com experiências menos afortunadas vêem-se aflitos pela ideia em não haver contato direto com a realidade externa, vivenciando o tempo todo a ameaça de perda da capacidade de se relacionar. Nesse caso, o problema filosófico para esses bebês permanece vital. Bebês menos afortunados ainda crescem sem qualquer capacidade de ilusão de contato com a realidade externa ou com uma capacidade tão frágil que logo se quebra em dado momento de frustração – dando margem a uma doença esquizoide.
Neste sentido, os bebês prematuros já nascem em meio a uma importante confusão tanto para o bebê como para a mãe. O momento certo para o nascimento do ponto de vista psicológico é aproximadamente o mesmo que do ponto de vista físico: 9 meses de vida intrauterina.
Para Winnicott, o bebê prematuro não estaria pronto para a vida, então pouco capacitado em viver experiências como ser humano. Antes do parto o bebê já é capaz de reter memórias corporais que não são perdidas. O autor comenta que à partir do sexto mês, quando a mãe começa a sentir o bebê mexer, muito provavelmente surja uma organização central que seja consiga captar essas experiências.
A vida intrauterina, segundo o autor, seria como a existência de uma bolha. Se maior ou menor a pressão exterior que aquela em seu interior, essa bolha reage. O que ele nomeia de intrusão – uma reação diante de uma modificação no ambiente e não a partir de um impulso próprio.
Contudo, o autor revela que a influência ambiental pode iniciar-se em etapa bastante precoce. O que irá determinar para o bebê a busca na confirmação de que a vida vale mesmo à pena e procurar assim novas experiências ou se fugirá do mundo (como no caso de bebês que têm dificuldade em impulsar o próprio nascimento). A rigidez ou inadaptabilidade da mãe podem, portanto, tornarem-se conclusivas antes mesmo que um bebê tenha nascido.

de sua segunda criação.

  Não consegui recuperar antiga senha, então creiei outro blog. Agora ainda mais a minha cara. A maneira de escrever é a mesma e os conteúdos variam de acordo com o que estou estudando. Procuro ser o mais simples possível, mas sei que a psicologia é um ciência complexa e algumas palavras, principalmente as técnicas, não podem sofrer alterações. Isso pode dificultar o entendimento pros leigos, mas é apenas uma questão de costume.
  Quando tenho tempo livre gosto de estudar os casos que estou atendendo. A psicologia em si exige muita leitura, análise (pessoal também) e o gosto pelo estudo. Ás vezes torna-se um tanto difícil conciliar tudo, mas são ossos do ofício.
  Relutei um pouco pra criar este blog depois que "esqueci" antiga senha. Mas agora acho que será difícil não lembrar. Além do mais, escrever é minha melhor maneira de estudar.