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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

bebês prematuros e suas implicâncias.

Devido a minha necessidade em aprofundar o assunto do bebê que nasce prematuro, por conta de um caso clínico, tentarei colocar algumas ideias de Winnicott a respeito. Torna-se importante, contudo, fornecer explicações básicas necessárias relacionadas aos cuidados e o invólucro emocional de um bebê para que se compreenda  a complexidade e o problema da prematuridade.
Há bebês que têm a sorte de nascerem em ambiente suficientemente bom e com mãe suficientemente boa – essa, para Winnicott, a pessoa mais verdadeiramente capacitada, com amor mais fidedigno e menos sentimental do que qualquer outro substituo e que fornece ambiente emocional simplificado incluindo os cuidados físicos.
A negligência aos cuidados do bebê pode trazer grande confusão na mente de uma criança que pode perder a simplicidade, como diz Winnicott e a constância da técnica pela qual se deve cuidar de um bebê. Uma pessoa que age naturalmente, como a mãe, é a candidata ideal. Para uma mãe adotiva, por exemplo, faltaria a inclinação para a maternidade, segundo o autor, já que esta necessitaria de um período preparatório de 9 meses.
Ao contar com uma mãe cuja adaptação ativa inicial é suficientemente boa, o bebê torna-se capacitado à ilusão de realmente encontrar aquilo que criou (alucinou). Ao longo do tempo e que esta capacidade para o relacionamento vai sendo estabelecida, estes bebês poderão dar o próximo passo: “do reconhecimento da solidão essencial humana” como coloca o autor
Tal reconhecimento é poder entender que não há nenhum contato direto entre a realidade externa e o eu mesmo. Há apenas uma ilusão de contato, um fenômeno intermediário que funciona muito bem. E Winnicott ainda postula: “a mim não importa se existe ou não um problema filosófico”. O que é muito interessante, visto que muitos filosofam a existência do que é real ou não. Fato é que as coisas se apresentam diante de nós e é isso então que tem que ser lidado.
Assim, os bebês com experiências menos afortunadas vêem-se aflitos pela ideia em não haver contato direto com a realidade externa, vivenciando o tempo todo a ameaça de perda da capacidade de se relacionar. Nesse caso, o problema filosófico para esses bebês permanece vital. Bebês menos afortunados ainda crescem sem qualquer capacidade de ilusão de contato com a realidade externa ou com uma capacidade tão frágil que logo se quebra em dado momento de frustração – dando margem a uma doença esquizoide.
Neste sentido, os bebês prematuros já nascem em meio a uma importante confusão tanto para o bebê como para a mãe. O momento certo para o nascimento do ponto de vista psicológico é aproximadamente o mesmo que do ponto de vista físico: 9 meses de vida intrauterina.
Para Winnicott, o bebê prematuro não estaria pronto para a vida, então pouco capacitado em viver experiências como ser humano. Antes do parto o bebê já é capaz de reter memórias corporais que não são perdidas. O autor comenta que à partir do sexto mês, quando a mãe começa a sentir o bebê mexer, muito provavelmente surja uma organização central que seja consiga captar essas experiências.
A vida intrauterina, segundo o autor, seria como a existência de uma bolha. Se maior ou menor a pressão exterior que aquela em seu interior, essa bolha reage. O que ele nomeia de intrusão – uma reação diante de uma modificação no ambiente e não a partir de um impulso próprio.
Contudo, o autor revela que a influência ambiental pode iniciar-se em etapa bastante precoce. O que irá determinar para o bebê a busca na confirmação de que a vida vale mesmo à pena e procurar assim novas experiências ou se fugirá do mundo (como no caso de bebês que têm dificuldade em impulsar o próprio nascimento). A rigidez ou inadaptabilidade da mãe podem, portanto, tornarem-se conclusivas antes mesmo que um bebê tenha nascido.

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