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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Estudos sobre a Histeria II

Na época em que Freud investigou a Histeria, suas pacientes (sim, porque eram em sua maioria mulheres) apresentavam sintomas dramáticos como desmaios, imobilidade física, distorções corpóreas, falta de apetite e afins. A grande problemática que faziam as histéricas desfalecerem era a questão da sexualidade. Naquele tempo, pudica, esse assunto era um tabu severamente abafado e reprimido.
A temática da sexualidade ainda pode revigorar, mas de lá pra cá os sintomas histéricos aparecem diante de outras várias fontes traumáticas e adquiriram nomenclaturas, classificações e monte de informações científicas. A ala masculina também passou a sofrer do mal. A dor de cabeça que não passa, uma tontura persistente, as fobias, síndrome do pânico, transtornos de alimentação como bulimia, anorexia, os enjoos constantes. Todos esses sintomas e doenças fazem parte de uma mente predisposta a tal da histeria. Freud acreditava que existia uma predisposição psíquica para a histeria.
Os histéricos, segundo o teórico, sofrem de reminiscências. É a partir de um trauma que se irrompe na mente e que se repetirá novamente, que o fato se torna uma experiência traumática. Só se caracteriza um trauma a partir do momento que alguma situação de emoção muito intensa (traumática) se repete. As experiências traumáticas não são apenas recordadas pelo histérico, pois o que ocorre é uma falta de desprendimento emocional. Não se desembaraçam do passado.
E quando a mente não dá conta, o corpo padece. Winnicott já dizia que somos um psico-soma, ou seja, mente e corpo são uma coisa só e é impossível uma separação. Assim sendo, quando se adquire um sintoma, seja ele qual for, pode-se ter certeza de que há uma conexão direta com a mente, mais precisamente, com o inconsciente. Uma coisa é certa: quando dois afetos antagônicos encontram-se em conflito na mente, esta poderá sucumbir em sintoma. Este, para ser adquirido, carece de uma condição: uma representação precisa ser intencionalmente recalcada da consciência. Ou seja, o desenvolvimento de uma incompatibilidade entre o ego e alguma ideia a ele apresentada que é repudiada e não aniquilada da mente, como se gostaria que ocorresse. Pois se assim o fosse, o  indivíduo não “precisaria” converter o trauma em sintoma. Isso de converter em sintoma é o que Freud chama de “conversão”. Portanto, Histeria de Conversão.
Essa conversão ocorre, pois a mente, como diria Freud “é um aparelho de memória”. Não esquecemos nada, apenas colocamos em outro lugar. E de certa forma, em algum momento, mesmo que aparentemente esquecido e intocado, o trauma virá à tona. Histeria de conversão é, pois, um processo de recalcamento bem sucedido, pois consegue provocar o desaparecimento total do afeto. Em contrapartida, aparece o sintoma que não passa de uma baita defesa do ego para não entrar em contato com o evento traumatizante. No entanto, o que uma pessoa não suporta, a outra pode suportar. Há mentes que dão conta de algumas coisas, outras não. Por isso há pessoas que ficam mais doentes do que outras ou que sofrem de algum mal que o outro nunca irá sofrer.
Os sintomas podem se deslocar de uma dor de cabeça, para uma dor de estômago ou uma tontura. Os que surgem posteriormente camuflam os primeiros e, na análise, a chave geralmente está em alcançar os primeiros e a matriz traumatizante que desencadeou aquele sintoma perturbante.

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