Estamos lendo os textos introdutórios da Psicanálise. O que é muito interessante, pois é quando se observa com mais notoriedade a genialidade de Freud. Suas descobertas me impressionam, pois na época a medicina predominava. Mesmo Freud tendo formação médica como neurologista, sua intuição e sensibilidade eram impressionantes.
Freud começou a se interessar pela psique através de seu amado professor e Dr. Charcot, também neurologista. Mas era um médico diferente e Freud tinha uma admiração muito forte pelo jeito com que Charcot lecionava suas aulas. Ele foi um dos pioneiros na tal da “escuta analítica”, ou seja, dava crédito ao que o paciente tinha a dizer. Ouvia-o. Foi o precursor em enxergar algo que não se via abertamente. E não se satisfazia apenas com os males físicos de seus pacientes: “Teoria é bom, mas não impede que as coisas existam”, Charcot dizia e Freud concordava.
Breuer, médico e amigo de Freud, viu-se diante de uma caso difícil, o famoso caso “Anna O.” Chamou Freud para ajuda-lo. E foi quando se começou o estudo da histeria. Na época o material para investigação era escasso, mas Freud logo percebera a questão da sexualidade reprimida como um papel fundamental. Iniciou os estudos através da hipnose, técnica utilizada por Breuer e pela qual Freud interessou-se. No entanto, ele nunca acreditara realmente na eficácia da técnica e começou a notar falhas. À começar pelas informações que eram adquiridas pela paciente em hipnose, mas que não eram lembradas quando esta despertara. A amnésia era um sintoma clássico no caso das histéricas e algo que devia ser muito bem trabalhado. Por isso, a hipnose não lhe fora tão útil, já que os conteúdos internos teriam que ser revividos pela paciente, mas de forma consciente. Mas foi uma técnica extremamente útil para que se pudesse observar o poder do inconsciente.
Além do mais, nem todas as pessoas eram hipnotizáveis, pois eram mais resistentes. Foi quando Freud começou o Método da Sugestão. Consistia numa leve pressão sob a cabeça do paciente e que este falasse o que lhe vinha à mente. Uma de suas pacientes lhe sugere então que a deixasse falar livremente sem que lhe impusessem a mão. Freud deixou-a e percebeu os benefícios que isso causara. Abandona o Método e direciona-se para a Técnica da Associação Livre. Ou seja, o paciente falava o que lhe vinha e Freud encaixava o quebra-cabeça inconsciente: tudo o que o paciente verbaliza tem a ver com algo: tudo tem ligação com conteúdos inconscientes que se associam.
E ao longo de várias observações, notou algo importantíssimo: algumas lembranças eram reprimidas na mente através do inconsciente. A amnésia tão comum nas histéricas tinha agora uma explicação. Se uma situação foi reprimida, não haveria como se lembrar. E se foi reprimida, é porque a mente, a consciência não deu conta por ser algo de uma magnitude traumatizante. O inconsciente reprime e a mente não dando conta, produz-se um sintoma.
O aparelho mental é um aparelho de memória. No entanto, a hipnose foi uma técnica abandonada por Freud por não conter o trunfo principal de uma análise: a possibilidade de se reviver uma emoção.
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